A compra de um novo navio inter ilhas, o congestionamento do actual porto e a falta de condições para a pesca obrigaram a re-equacionar toda a organização do Porto da Horta.
A solução encontrada consistiu em criar uma nova bacia portuária no lado Norte da cidade, destinada ao tráfego de passageiros e servida por uma nova gare marítima.
A intervenção permite libertar a bacia Sul para a pesca e náutica de recreio e ainda criar novos espaços públicos de relação com o porto.
Através de uma articulação estreita com a equipa de engenharia foi possível implantar o novo molhe de protecção imediatamente a sul da ribeira da Conceição, no extremo norte da marginal. Conseguiu-se, também, controlar a geometria da obra, que será lida como um gesto claro – uma marca na paisagem com uma forma intencionalmente articulada com a linha de costa e a escala da cidade – e a sua ligação à marginal, num aterro, que deixará perceber mais uma “etapa” no desenho da orla marítima.
A nova gare, mais do que um edifício, pretende ser uma linha no horizonte, um longo volume ou cobertura, a uma cota inferior ao passeio da marginal, sob a qual se organizam os espaços de apoio aos passageiros e se distribuem os circuitos funcionais de interface entre a zona urbana e a zona portuária. Procurou-se uma escala e uma linguagem à escala da paisagem e da infra-estrutura, por oposição a um edifício tradicional.
A amarração do novo núcleo portuário à avenida marginal permitiu redesenhar a rotunda do tribunal, “terminus” da avenida marginal, alargando-a e criando um largo espaço plantado, que se prolonga para o novo aterro portuário.
Reconversão do Porto da Horta
Local
Horta, Açores
Cliente
APTO – Administração dos Portos do Triângulo Ocidental, S.A.
Data
2005 – 2012
Arquitectura e Desenho Urbano
Manuel Salgado, Carlos Cruz, Tomás Salgado e Pedro Pinto
Área de Construção
5.623 m2
Custo
59.426.000 €
Fotografias
João Morgado
Construído